Tôp de M'Randa visto de Tômbor (Pinhão) |
26 dezembro 2012
Nhe Rbêra na Tela
09 novembro 2012
CORVO E O ENCANTO DE UM RECANTO ISOLADO
Sempre que estou de
ferias na minha ilha não resisto em dar uma passadinha no Corvo, o tal lugarejo
que me encantou e pelo qual me apaixonei desde a primeira vez que visitei o
local, em 2001, levado por uma colega de turma do liceu, que me integrou numa
comitiva de jovens da igreja católica em trabalho social naquela comunidade.
Aquela antiga colega do Liceu Suzete Delgado hoje é minha mulher.
Confesso que sou um
apaixonado por lugares recônditos, onde não vão os carros. Não sei de onde veio
esta paixão meio invulgar, mas certo é que recantos desse tipo me fascinam. É
sempre uma delícia para os meus olhos verem a água cristalina a fluir
barulhenta por entre os inhames, poder ver os patos que fazem dos pequenos
lagos seus mundos, ouvir à noite o barulho dos sapos, e dos grilos, porque
ainda os há no corvo. As gentes do Corvo são muito acolhedoras, gente bonita e
alegre, de fino trato.
Corvo é um retiro....
Estar no corvo é poder ter um reencontro com aquele mundo que recordamos com saudades
e que costumamos dizer que já não existe. Aquele mundo da simplicidades e da
pureza, aquele mundo onde ainda se deita com as portas e janela abertas para se
poder desfrutar da brisa fresca que vem do mar ali bem pertinho. Corvo é
encravado, mas tirando a falta de estrada que acho que ninguém dá por isso, há
energia electrica 24 horas por dia, há telefone... Há muita água, doce e
salgada. De um lado retira-se da terra toda a casta de verdura e do lado de lá,
o peixe para completar a panela sempre ao lume. Corvo é um retiro, corvo é um
encanto. Sempre que lá vou e passo dois ou três dias, sei que no regresso à
azáfam do meu quotidiano conto com a garantia de mais uns aninhos de vida. Mas
não posso deixar de fazer referência ao caminho que nos leva até corvo. De ponta do sol, passando por fontainhas (até posso ir de carro mas a
"manha" de fotografar sempre me faz despensar as 4 rodas); depois de
fontainhas até corvo, obrigatoriamente à pé, é um fascínio indescritível. Amo a
minha ilha, caramba!
16 agosto 2012
Kérrin de Lata
Esta imagem fez-me recordar a minha infância em Santo Antão. Tempos de kérrin de lata, eram as nossas preciosidades, que não danificávamos por nada deste mundo. E até eram submetidos à rigorosos planos de manutenção, qualquer roda frôxe, qualuer orça duro, tud era cuidód ao mínimo pormenor, nós tínhamos os nossos próprios ITAC's, hhehehe.. Havia muito tempo que não via uma imagem como esta, deparei-me com este cenário algures na Cidade de Nova Sintra, na Brava e não resisti! Hoje, as lojas chinesas acabaram com tudo e as nossas crianças já não desenvolvem essa criatividade, são muito mais passivas. Na nossa infância lá na ILHA, todos nós tentávamos ter a nossa criação própria. Mas verdade seja dita, havia os gurus na materia, que aranjavam cada preciosismo!!! Lembro-me do Idelson que, por exemplo, colocava luz electrica nos carrinhos, com um sistema alimentado por caixas de pilha. Nhe irmon Rui também era um escrét n'assunt0, e era versátil: fazia além de carros, barquinhos, estatuetas de barro, tubarões de chifres, enfim
11 maio 2012
Péd K'Sórola
Ao encontrar no Facebook esta foto, publicada pelo Rui Neves, nhe broda, fui aos arquivos do Sinta10 resgatar um dos artigos dedicados às figuras da ILHA. Uma das edições era dedicada à Péd K'Sorola. Eis um update do post, agora com direito à foto do Péd.

Mas, não é disso que vou falar,
até porque cedo Péd pôde se aperceber de que não era esse derivado de
"água de cana" que lhe causava constipação, mas sim o uso excessivo.
Pois bem, Péd gosta das
telenovelas, mas como é muito crítico, vê cada episódio sempre a
comentar, o que as vezes irrita aqueles que estão por perto e que
normalmente tendem a ficar hipnotizados ao passar de cada cena. Certo
dia, Péd K'Sorola ouve o anúncio de que a próxima telenovela da noite na
Televisão Nacional passaria a ser "Anjo Mau". Na sua qualidade de
crítico, Péd ficou muito desiludido e, com cara de poucos amigos,
barafustou:
- "Anjo Mau?
Aaaanjo mau? Am porrra om, Bsot é mut palhaço, condê q'ónje foi móu??? Mi'n séb ukiê
que bsot tem ne kébeça! Antes era "Suave Veneno" (condê que veneno foi
suave??), agora é "Anjo Mau". Ammm, bsot é mut palhaço!!! mim kólker dia um te dtchá d'oiá exe perkéria, es ti te vrá mut levióne, te trocá rielidéd de cosa."
Bem, mim, nhó boca e'n esteprei, se bsot oiá algum ponto acrescentód, e'n nê mim! Nem sempre quem te contá um conto te acrescentá um ponto. kkkkk
04 maio 2012
Sodéd
fotos: BCN |
As vezes dá-me vontade de deixar a cidade e ir morar numa casinha assim, lá na ilha. Sentir o cheiro da terra, o murmúrio das árvores a cantar ao sabor do vento, juntamente com os passarinhos... enfim, seguir uma vida de um simples lavrador.
Como diz aquela música popular brasileira "um caipira na cidade, se do sertão sentir saudade, perde o gosto de viver". Ainda hei-de voltar ás origens.
24 abril 2012
Encontro de Estudantes de Santo Antão, em Portugal
Adorei a iniciativa que alguns jovens da ILHA tiveram em Portugal. Promoveram no último fim-de-semana o "Primeiro Encontro de Estudantes de Santo Antão". É este tipo de pro-actividade que precisamos qpara que as nossas ilhas, regiões, comunidades... possam desenvolver-se.
Segue um olhar detalhado das incidências do Encontro, pela Articulista do A Semana, em Portugal, Otília Leitão. Confira aqui
Segue um olhar detalhado das incidências do Encontro, pela Articulista do A Semana, em Portugal, Otília Leitão. Confira aqui
27 março 2012
NHA ZIDORA
Nha Zidora (Foto: BCN) |
Neste dia em que muito se fala da mulher cabo-verdiana, lembrei-me desta grande senhora, que muito fez para ajudar a minha mãe a criar uma caterva de filhos, hoje todos homens e mulheres feitos.
O peso da idade e das agruras por que passou nesta vida vai carcomendo-a pouco a pouco. Dela ouvi relatos da viagem e dos contratempos que ela e muitos outros conterrâneos passaram em São Tomé; dela ouvi contar episódios que muitos santantonenses, em plena década de fome, passaram, e da afronta que experimentou para chegar à Praia Formosa, à cata de alguns grãos de milho do barco que por lá encalhara.
Muito obrigado, Nha Zidora. És o retrato fiel da tenacidade da mulher cabo-verdiana, da mulher da ILHA.
15 março 2012
Sinais
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Ponta do Sol com calçada antiga (Foto BCN) |
Estive a pensar, das cidades-vilas ou vilas-cidade que conheço neste país, (só não conheço Nova Sintra e Santa Maria), Ponta do Sol deve ser daquelas que menos sinais de trânsito tem. E não é, de certeza, daquelas com menos transito!
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Foto (BCN) |
Foto BCN |
13 março 2012
Adeus, Calú
Varzinha (Foto BCN) |
A comunidade de Varzinha e Lombo de Pedrene, a Ribeira da Torre no geral, está triste com a morte precoce de Calú de Jorgina. Um jovem que perdeu a vida exactamente na estrada que há duas semanas era inaugurada, para o contentamento dos habitantes do vale, que agora se gabam de ter a primeira estrada asfaltada do concelho.
Sei que, quando alguém morre, o discurso tende a ser sempre o mesmo, mas certo é que guardo boas recordações do jovem. Não consigo deixar de pensar numas gargalhadas impressionantes que o Calú um dia dava insistentemente la ne club d'Montanha, perante algumas cenas de teatro dançante do meu irmão Jair. Ele era muito amigo da malta de Ribeirinha de Jorge e chegou mesmo a integrar a equipa da zona, Montanha. Estamos muito tristes. Vou lembrar sempre daquelas gargalhadas, soltas, despreocupadas, e infinitas naquela noitinha lá ne Fundo de Morés, Calú.02 março 2012
D'pôs d'Carnaval
Não sou propriamente um grande apreciador do Carnaval, mas confesso que fico maravilhado com os andores que se apresentam nos desfiles, nalguns lugares mais elaborados que outros, é certo, mas sempre reveladores de muito talento. Desde diazá que oiço falar na necessidade de se criar museus ou coisa parecida para preservar parte dos trabalhos (autênticas obras de arte) que se produzem por ocasião da festa do entrudo. Ouvi este ano o Ministro da Cultura a dizer, em São Nicolau, que talvez a melhor opção seja conservar alguns trabalhos em miniatura e guardar parte das peças (trajes, por exemplo).
Adorei aquilo que fizeram na Ponta do Sol, há poucos anos atrás. Recuperaram este andor, deram-no um tratamento especial e com muita imaginação colocara-no por cima da ilhota la na Prainha. O mergulhador deu uma grande style à Prainha, sim senhor, pa!
23 janeiro 2012
A Outra Face da Lei em imagens... e 2 plévrinha
Cenas d'A Outra Face da Lei (Fotos: BCN) |
Não cheguei a encontrar os célebres tribunais populares, ou de zona, mas cresci a ouvir falar deles, e as vezes quando se referem à esses tribunais até fico com a sensação de ter convivido com eles. Histórias famosas ficaram associadas aos tribunais de zona, muitas com uma boa dose de anedotas, é certo. Desde aquele burro que, por devorar as plantações de uma horta de um fulano, foi condenado à prisão (quer dizer à estábulo) perpétua; passando por aquele cão que por ter mijado numa rua "proíbida" foi-lhe dado a sentença de não passar naquelas redondezas durante uns três meses. (aliás o juiz do tribunal popular da peça A Outra Face da Lei vangloria-se disso mesmo como tendo sido um dos seus feitos que mostram que ele não atura desaforos).
A Outra Face da Lei fez-me viajar pela minha ilha adentro (é impossível não fazer este exercício, inconsciente até, sempre que assisto á uma peça do Juventude em Marcha). Com o julgamento de Aníbal, por exemplo, lembrei-me daquele fulano lá de Lugar de Guene (contemporâneo dos meus irmãos mais velhos) que foi condenado lá no tribunal de nho Iszê M'guêl a uns dezenas de palmatórias por ter tród Nhô Móne um vento méf que ninguém tava podê suportá. (um buf, entende-se).
A peça apresentada este sábado (21 Janeiro) na Assembleia Nacional revela mais um trabalho de intensa pesquisa por parte do Juventude Em Marcha De todo o modo, penso que na parte final, os largos minutos de "terror" poderiam ser amainados. É certo que a intenção é boa, castigar duro para que depois haja redenção, mas para quem tem medo de gongon...
... ainda por cima agora que se volta a falar dos outrora famosos e temíveis "Monçongos"! Afinal, os "Monçongos", que já estavam em vias de extinção, parece que ressuscitaram (é, pelo menos, o que tem sugerido alguns jornais ca do burgo)
... ainda por cima agora que se volta a falar dos outrora famosos e temíveis "Monçongos"! Afinal, os "Monçongos", que já estavam em vias de extinção, parece que ressuscitaram (é, pelo menos, o que tem sugerido alguns jornais ca do burgo)
OBS: Há dias, numa entrevista à RCV Jorge Martins disse que o Juventude em Marcha deve ser chamado de Juventude em Marcha de Cabo Verde e não apenas de Santo Antão porque, segundo o actor, lá onde estiver, o grupo representa o país inteiro. Já bsót séb!
10 janeiro 2012
Mais tela para Juventude em Marcha
Cena da peça "Chuva Braba" Foto: BCN |
De acordo com Jorge Martins, Órfãos do Penedo e À Deus o que é de Deus, ao Diabo o que é Diabo são as duas obras que vão ser adaptadas ao pequeno ecrã, tendo garantido que já estão sendo ultimados os preparativos com vista à realização das filmagens, que terão a coordenação do realizador cabo-verdiano, Carlos Freitas.
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