A ilha de Santo Antão é rica! Mas a sua riqueza está muitas vezes escondida, e só se ouve falar de montanhas, de mil pés (malditos bichinhos), de pobreza, de boa gente e pouco mais. Mas a ilha esconde um tesouro e quanto mais o conhecemos, mais há por descobrir. Assim, o Sint10, cumprindo a sua missão, reinicia esta semana com mais uma serie de pequenos artigos sobre aspectos menos conhecidos da ilha. E hoje, este post é sobre o café de Santo Antão.
Á semelhança da ilha do Fogo, Santo
Antão produz o seu quinhão de café. Embora sem a expressividade da ilha do vulcão, Santo Antão pode gabar-se de poder beber café produzido no seu próprio torrão; gabar-se de também poder cultivar um dos produtos mais apetecidos em todo o mundo. As regiões altas de Lombo Branco, Pinhão, Monte Joana, Matinho de Leste (concelho da Ribeira Grande) e outras tantas no concelho do Paúl foram outrora locais de grande produção do café, sendo que ainda hoje se cultiva este produto, embora de forma menos intensa. Quem caminhar pelas entranhas de Monte Joana, Ribeirão
Grande, Cidereira e outros locais do Planalto Leste encontrará ainda os famosos
lédris (grandes espaços cercados por altos muros de pedra seca, onde se fazia a secagem do café). Hoje, muitos desses espaços encontram-se abandonados em ruínas ou então são usados como estábulos para animais. Mas quem ainda hoje quiser conhecer uma extensa plantação de café na ilha, aconselho-o a caminhar até
Róiód, um pequeno vale, muito interessante, situado na parte mais alta de Pinhão (no
cabeço). Com uma orografia que faz lembrar a famosa Cova,
Róiód ainda conserva milhares de pés de café, e alguns casebres em ruinas. Vale a pena visitar o lugarejo, sobretudo se for na época das chuvas. Mas atenção, a que ter canela
pa escanelá à pé.
"Crú doce, czid morgozo" (adivinha popular alusiva ao café)
Cafeeiros em Santo Antão
Cabo de Ribeira, Paúl
Fotos: BCN (Set. 2007)