30 outubro 2013

Fêdogósa, Cnéfista, Non-me-toques... cadê vocês!!!????

O Decreto-Parlamentar nº 7/2013, publicado no BO nº 23, I Série de 09 de Maio de 2013, aprova a Delimitação do Parque Natural de Cova, Ribeira de Paúl e Ribeira da Torre, Santo Antão, pertencente à Rede Nacional das Áreas Protegidas.
O Decreto expõe os motivos que estiveram na base da declaração de Cova, Ribeira de Paul e Ribeira da Torre como áreas protegidas, na categoria de Parque Natural, justificando que é "uma das áreas com a maior concentração de espécies endémicas de São Vicente" (no BO há uma gralha imperdoável, escreve-se São Vicente, em vez de Santo Antão).
Ainda, da leitura do texto do Decreto, fica-se a saber que, das espécies inventariadas na área supra-citada, 36 são endémicas e representam 76% das espécies encontradas em Santo Antão. Até aqui tudo normal. O que me preocupa é saber que 44% dessas espécies endémicas estão na lista vermelha de Santo Antão e 59% na lista vermelha do Arquipélago.

Pois bem, ao ler este dado, pus-me a pensar: Realmente, quantas espécies vegetais com as quais convivia diariamente na minha infância lá na ILHA, e que há muito tempo não vi sequer um exemplar???? 

São os casos de:
  •  Fêdogósa  - uma plantinha méfe pô fronta, um mondinha mesmo chato (mas onde k'ess pléntinha bé???)
  •  Cnéfista - outra plantinha méfe, mas bonitinha! E(ra) bastante estimada pelos velhos da Ilha que viam/vêem nela muitas propriedades medicinais (diazá mi'n oiá um pé de Cnéfista)
  •  Palha-Teixeira - ao longo do leito da Ribeira das ribeiras da ILHA esta plantinha nascia aos montes. Ao contrário das duas anteriores, esta é bem cheirosa e dá um chá bem coradinho e muito bom para diversas enfermidades (o k é feito de bo, Palha Teixeira?)
  •  Tribinha - outrora nascia aos montes, sobretudo ao pé dos socalcos (pê de pêrede). Era tido como rêmêd sónt para dor de dentes, as folhinhas têm um gostinho salgado. Hoje é raro ver um pé de Tribinha
  •  Non-me-toques - a planta mais curiosa que alguma vez conheci. Deve ser dos mais estranhos do mundo. O seu nome deriva-se do facto de não suportar qualquer toque, por mais leve que seja. Basta tocar nas suas folhinhas para que a planta murche num instante. Quando era menino havia alguns exemplares na casa da minha avó, e nós divertíamos imenso a "gozar" com o Non-me-toques. dávamos o toque, a planta murcha de imediato, ficávamos a espera durante uns 10 minutos, até que voltasse a recompor-se para de novo darmos o golpe. Passados uns anos nunca mais vi qualquer exemplar desta planta incrível


Enfim, eu poderia enumerar aqui muitas outras espécies com as quais outrora convivíamos diariamente la na Ilha e que hoje tornaram-se raríssimas ou desapareceram mesmo.

Obs: os nomes das plantas apresentadas aqui são tal qual nós as chamamos ou chamávamos lá na ILHA. Não tive qualquer preocupação em trazer a verdadeira designação ou nome científico.

15 outubro 2013

VIAGENS NA MINHA ILHA: RUA COR DE ROSA

Rua Cor de Rosa @ Benvindo Neves

Rua Cor-de-Rosa (caramba, porque cor de rosa!!!??) é, sem dúvida, uma das ruas mais emblemáticas da Ponta do Sol. Outrora, dizem, foi muito importante, quase que o centro daquela vila (cidade): Hoje perdeu protagonismo.
Mas, a rua pode gabar-se de reviver seus tempos áureos: serviu de cenário no mais recente telefilme do agrupamento teatral Juventude Em Marcha, "Órfãos de Penedo" O Telefilme foi rodado em diferentes pontos da Ilha (Ribeira da Torre, Cidade das Pombas (Paul), Ponta do Sol...). Nas cenas da Ponta do Sol é na Rua Cor de Rosa que se desenrola boa parte das cenas (Rua Cor de Rosa, Cais de Boca de Pistola, Escola do Ensino Básico Integrado). É na Rua Cor de Rosa que Nhe Sébine, uma das personagens, te dá kel grito "ó poooooooove!"

Vale a pena ver mais esta produção do Juventude em Marcha. Antone de Luce ou Jôn Nervose (ups, gent e'n de insultá gent),  é mais uma grande personagem encarnada pelo Grande actor César Lélis.