30 dezembro 2009

Sete Sóis Sete Luas /09... CANCELADO



Tal como já tinha prometido aqui, Sinta10 retoma o tema Sete Sóis Sete Luas. Não sei o que me deu, mas o certo é que um pressentimento me dissera na altura que a notícia do adiamento mais não seria do que o adiamento do anúncio de cancelamento.Dito (quer dizer, pensado) e feito!

A Câmara Municipal da Ribeira Grande decidiu cancelar definitivamente a edição 2009 do Festival Sete Sóis Sete Luas. Segundo disse à RCV o vereador Arlindo Fortes, uma das opções seria associar o Festival às festividades do Município (17 Janeiro), mas o Director Internacional do Festival sugeriu que fosse realizado em finais do mês de Janeiro, por dificuldades de conciliação de agenda.

Foi então que a porca torceu o rabo. A Câmara achou que "seria muito dispendioso fazer o festival pouco tempo depois das festas do município" e decidiu cancelar esta edição.
Disse Arlindo Fortes que "é norma fazer um festival musical por altura das festas do município, pelo que seria difícil em termos de encargos realizar o Sete Sóis Sete Luas.

Cá pra mim seria mais adequado cancelar o dito festival de musica que conforme o (nosso) vereador é norma ser realizado todos os anos (!), e avançar com o Sete Sóis Sete Luas. Esse Festival é de âmbito Internacional e tem projectado bastante a pacata Puvoçon que, a que dizê-lo, não tem beneficiado de grandes projectos culturais, não obstante ser um viveiro de talentos. O festival tem revelado ser uma excelente oportunidade para intercâmbios culturais com países como Itália, Portugal e outas regiões do globo, não apenas na área musical mas também à nivel da pintura, escultura,  teatro, sem esquecer as acções de formação que costumam acontecer no âmbito desse festival.

Não estaremos perante (+) um erro estratégico da Autarquia?
Tenho uma paixão especial pelo festival. Foi numa das suas edições (se não me engano foi mesmo na 1ª)  que vi, pela 1ª vez Orlando Pantera a actuar, tendo mesmo ganho na altura o direito de ir gravar um disco, algo que não teve tempo de concretizar.Também foi nesse festival que vi pela 1ª vez os Cordas do Sol ao vivo.

E assim vai a (nossa) Câmara. Um ano cancela o Festival Nacional de Violino, outro ano o Sete Sóis Sete Luas... Uadjébéééék!!!


29 dezembro 2009

Cordas do Sol está de volta



Mais um lumnada já lumnhá grupo Cordas do Sol (já não era sem tempo, dpos te tónt tempo ne escuro!!)

O 3º CD do grupo já está pronto e tem o sugestivo título: Lume de Lenha. (heheh, a coisa promete aquecer)
Ainda é cedo para dar meus palpites (já ouvi apenas duas músicas) mas já já estarei cá com um post mais elaborado sobre este novo trabalho, oito looongos anos depois do último album, o etrondoso Marijoana.

Memórias (com espinhos)



Este é uma das espécies de cactos mais conhecidas entre nós. É a opuntia, pertencente à família cactaceae. Mas chega desses nomes esquisitos. Na ilha, esta planta recebe um nome bem mais simpático: Tóbói. 
O Tóbói  faz-me viajar pela minha infância em Sintadés. Ainda relativamente abundante na ilha, nasce espontaneamente e invade encostas e ladeiras, lá onde o agricultor não cultiva espécies comestíveis. Espera aí, e quem foi que disse que esta planta não é comestível? Bem, bem, quer dizer, o seu fruto é que é.

Pois bem, na minha infância fartei-me de comer o fruto de tóbói ainda que para o fazer tivéssemos que passar por uns maus bocados. Tal como a planta, o fruto é infestado de espinhos em toda a sua dimensão, o que nos obrigava a meter as mãos em sacos, apanhá-los e esfregá-los em terra para podermos livrar dos espinhos e abrir o fruto. De quanto em vez, um malditinho espinho conseguia engarnar-nos e invadir o banquete. Ai ai!! aí que era problema!!!

Uma das minhas irmãs mais velhas era especialista em "limpar" o fruto. E nós, os mais pequenos, aguardavamos ansiosos para depois podermos devorar o conteúdo.

Hoje em dia já não vejo muitos frutos de tóbói na ilha, kóntémés crianças a comê-los. E hoje, elas têm outros paladares e se calhar nem sabem que os comíamos.

foto: aqui

22 dezembro 2009

Binôkxe




Neste dia de inauguração do aeroporto internacional de Sóncent, pus-me a pensar no meu Sintasés que fica aí bem pertinho. Diazá na mundo que a ilha não vê um aviunzin, kóntémés ógora um aviônzôn. Há longotaimêgôu que Sintadés ficou a ver navios (apenas). Pelo menos,   agora somos vizinhos de um aeroporto internacional. Embora  digam que hoje as boas relações de vizinhança estejam em crise, acredito que poderemos vir a contar sempre com uma kéneca d'aga dos nossos vizinhos.


Se o aeroporto representar "uma alavanca para o desenvolvimento" da ilha de São Vicente (como é fixe usar de vez em quanto esses palavreados, pa!), também nós (Sintadés) poderemos ganhar alguma coisa.  Mesmo que continuemos a ver os aviões apenas de binôkxe!

Pedra Scrivida



Diz-se que as "escrituras" patentes nesta pedra, algures na Ribeira de Janela, são misteriosas. Nunca ninguém as conseguiu decifrar.

Na verdade, hoje quem visita a pedra, o que mais vê  são inscrições de quem por lá vai passando e quer deixar sua "marca"

14 dezembro 2009

Figuras castiças: Djô Feio

Recentemente eu e o Vavá (Boltxôr) falámos na necessidade de Sinta10 e Dôs Déde de Conversa (2 blog k'umbigo interród ne mesmo pódóce de txôn) partilhar post's ou, pelo menos, partilhar categorias de postagens. Na verdade, depois da "assinatura desse protocolo" pouco ou nada temos feito para dar corpo a esse acordo (bsot perdoá nôs... talvez herança de nôs raça, hahahahah)

Mas, pontualmente inspirámo-nos um no outro para postar alguma coisa. Principalmente quando se trata de contar as pirraças das figuras castiças da ilha. Bem, reconheço que ele tem muito mais jeito para colocar em cena essas figuras, inda por cima nakel bom dialecto k'el sô séb ratxá.

Hoje, inspirado na peripécia do Djô Semedo, veio-me à memória mais um Djô, o Feio.
Djô Feio era natural da Ponta do Sol. Um Homenzarrão, tinha uns pés que só vistos! De tão grandes, só calçava sapatos por encomenda! (e diz-se que apenas calçou por uma vez, era num casamento, mas depressa livrou-se deles, que alívio!!)

Djô ficou famoso pela sua pré disposição para ripostar com sucesso à qualquer provocação, quase sempre com uma rapidez impressionante. Mas também abria a boca e gozava com tudo e com todos, sem olhar a quem. Tanto assim era que certo dia resolveu brincar até com a alma da sua pobre mãe, falecida pouco tempo antes.
Era 2 de Novembro, Dia das Almas em que, pela tradição, os vivos vão aos cemitérios visitar as covas dos seus entes queridos. Então, uma irmã do Djô Feio à caminho do cemitério da Ponta do Sol encontra o Djô algures numa esquina e diz para o irmão: "Djô, uli'm te bé po mamãe um flôr, bo krê bé ma mim?" Antes da senhora fechar a boca já Djô tinha soltado esta: "pooorrra!!!! nôss mén tem kébeça boa, ein!! Gósterdia kel bé, ja el é finélista!!!!

11 dezembro 2009

2ª parte...

Este sábado (12) é dia de (re)inaugurações em Sintadés.  4 pontes e um pequeno troço de estrada. Iszê Méria Neves, embaixadora de Merca, um representante de MCC/CV e Ménel Inocêncio, tud ês ne Sintadés pe inauguração.


Ahm, kuál estóra ohm..., as pontes já tinham sido inauguradas diazá, no mês de Outubro, o tal mês de escôrroço.
Mal acabaram as obras (ou será que ainda estavam na fase de acabamento?!! acho que sim...sim, sim) mas dizia, mal acabaram as obras, vieram as cheias, e que cheias! Fizeram rebuliço, testaram a resistência das (infra)estruturas e passaram certificado. Sem discursos de ocasião, sem aplausos, sem descerramento de placa, sem convidados nem governantes, as turbulentas águas lá cumpriram o seu dever e no fim não deixaram promessas, ainda que todos saibam que um dia hão-de voltar, concerteza.

Agora, nessa segunda parte da inauguração, certamente não marcarão presença as chuvas com as suas frenéticas enxurradas. É que não querem lá saber de discursos, de apertos de mão ou de aplausos. Aliás, não é à toa que, quando vêm, têm a tendência de arrasar tudo elevar água abaixo.



Mas... agora é a sério: a partir d'agora quando tiver escôrroço maltas de Penha de França e de Tarrafal ca mestê marrá corda ne cintura e ser puxód kê pe bé pe Têrrêr, ke tud risco ke isso te trezê. Agora  é passá drriba d'aga... sem moiá pé, heheheh.

Aspectos da 1ª inauguração, em Outubro 
Fotos: aqui

30 novembro 2009

zoom in


Estava a ler um texto qualquer e, num processo mental de intertextualidade, fiz um zoom in que "trouxe" até mim algumas lembranças da ilha.
Dezembro está a entrar... foi na ressaca da última quadra festiva de Natal e Fim-de-Ano que fiz estas fotos, lá do alto do Topo de Miranda, durante uma inédita caldeirada com a malta de Ribeirinha de Jorge.


Foto: BCN

13 novembro 2009

Engenhocas





Fotos: BCN

O velho ditado diz que "Morre o homem, a obra fica".
Sou um apreciador desses pequenos "empreendimentos" da Ilha, coisas simples que nasceram das mãos de anónimos sem "qualificação" nehuma. Trabalhavam tão-somente (?) para garantir um matar-d'injú diário.

As imagens referem-se a um sistema de captação de água para rega em Caibros, Ribeira Grande.

09 novembro 2009

Sete Sóis Sete Luas adiado


A versão crioula do Festival Sete Sóis Sete Luas, que acontece todos os anos em Novembro, na vila da Ribeira Grande(foto) , e que este ano estava previsto para os dias 13 e 14, foi adiado.
Motivo: dizem que é por causa da epidemia de Dengue que está a afectar o país.
Nova data: segunda quinzena de Dezembro ou inícios de Janeiro. Sinta10 fica a espera!
Foto: BCN

04 novembro 2009

Sinta10 só tem olhos para Santo Antão! O novo espaço será mais "vagabundo" e mostrará um pouco mais de Cabo Verde... pelas fotos que fiz, pelas fotos que faço.

03 novembro 2009

Localidades

Boca de Coruja (com publicidade gratuíta e tudo)

Situada a cerca de 10 kilómetros da vila da Ribeira Grande, no vale com o mesmo nome, a pacata zona de Boca de Coruja ganhou outro fôlego com a recente construção de um dos empreendimentos turísticos mais fabulosos da ilha: o Pedracin Vilage. Um hotel que alia a modernidade com o que de mais tradicional tem na ilha.


Fotos: BCN

Localidades

Ponta do Sol (numa tarde sem sol)

Da vila da Ponta do Sol assiste-se a um pôr-de-sol fantástico! Um dos mais espectaculares no rol daqueles que costumo ver. Mas, sem sol, Ponta do Sol é igualmente interessante.


Post dedicado à F.C., uma leitora que não conheço pessoalmente. A próxima rubrica "Localidades" contempla a zona de Boca de Coruja, também a pedido da mesma leitora.

Fotos: BCN

28 outubro 2009

Bonito... bonito!


Afinal, não é em todos os lugares deste país que se diz "somos coitados, somos uns esquecidos, o papai (entende-se Governo, Câmara Municipal) não olha pra nós, há muito tempo que estamos a espera de..."

Esta notícia poderá ser bastante inspiradora. Um exemplo de cidadania!

Um abraço à malta.

Foto: BCN

Momentos Sinta10

Fotos: BCN

24 outubro 2009

Férias na ilha (II)

O escritor e jornalista Miguel Sousa Tavares, citando a mãe dele, escreveu no seu livro "Sul" que "viajar é observar".
Sim, viajar é observar. Mas também viajar é fotografar. E fotografar não é uma forma de observar? Adoro observar, quer dizer fotografar, mesmo quando não há "nada" para observar e disparar. Adoro disparar e pronto. O acto - ingénuo - de disparar também compensa! Adoro viajar pelas entranhas da minha ilha e ... clik!



Fotos: BCN

09 outubro 2009

Lua cheia em Ribeira Grande

Não sei porquê, mas na sequência do post anterior, lembrei-me desta fotografia que fiz em Agosto último. Haverá alguma explicação para essa relação?
Foto: BCN

07 outubro 2009

(In)Sensibilidades


Ao longo da semana passada a RCV difundiu diariamente uma série de reportagens sobre Ribeira Grande de Santo Antão, da autoria do jornalista Carlos Lima. Num dos números, um dos entrevistados foi o presidente da Câmara local, Orlando Delgado. Dentre muitos aspectos abordados, falou da questão do urbanismo, tendo particularmente chamado a minha atenção a forma como se referiu aos "edifícios velhos" das vilas da Ribeira Grande e da Ponta do Sol. Falou em "pardieiros" e na necessidade de se proceder "à demolição" de muitas dessas "casas velhas" para que "as nossas vilas possam ficar mais bonitas".

Do meu ponto de vista, houve alguma ligeireza e falta de sensibilidade na forma como o autarca abordou essa questão. As vilas da Ribeira Grande e da Ponta de Sol são, a meu ver, verdadeiros patrimónios nacionais, desde logo pela sua elevada quantidade de edifícios de inegável valor histórico. Infelizmente muitos já atingiram um alto grau de degradação, e não tem havido medidas de fundo que possam garantir a sua preservação.
Veja as fotos que se seguem:

Edifícios do Terreiro (centro da Vila R. Grande)

Fachada lateral da casa onde nasceu Roberto Duarte Silva (vila R.Grande)

Casa onde funciona o Cartório Notarial e Conservadora dos Registos (Ponta do Sol)

Aspecto de uma casa numa das principais ruas da Ponta do Sol

Edifício ex. residência oficial do Pres. CMRG (Ponta do Sol)

Meio a sério meio a brincar, constumo dizer que essas vilas podem ser consideradas as São Filipe de Santo Antão. Mas carecem de uma atenção especial.
Fotos: BCN