28 julho 2006

Quando a falta de uma letra faz toda a diferença...

Atenção: e-mail pode matar
Decidi ligar a rádio. Já passava das 8h da manhã e sintonizei a RDP- África. Como de costume lá estava o jornalista David Borges com as suas crónicas e demais novidades, de resto sempre interessantes. Nesse dia, após a habitual crónica diária, contou esta:
"Atenção, e-mail pode matar! Um casal algures nos Estados Unidos planeava umas merecidas férias num lugar bem afastado da sua residência. O marido, um banqueiro de meia idade, havia entrado de férias com uns dias de antecedência em relação à esposa, esta uma professora universitária. Então decidiu que seria melhor ir desde logo até ao local para assim providênciar um canto bem aconchegante para os dois se relaxarem. Chegou num hotel, gostou das ofertas e decidiu comunicar à esposa. Mas apercebeu-se de que não tinha registado o endereço electrónico dela. Porém, desconfiava que o sabia de coro e tentou. Por azar enganou-se numa letra e a mensagem foi parar à caixa de entrada de uma mulher cujo marido tinha morrido no dia anterior. A mulher, ao abrir a sua caixa soltou um grito ensurdecedor que os vizinhos acharam estranho e foram acudí-la. Ao chegarem encontraram-na estatelada no chão, já sem vida. Um dos vizinhos vê para o ecrã do computador que estava mesmo junto da senhora e depara com a seguinte mensagem na sua caixa de entrada:
Querida esposa, acabei de chegar agora mesmo. A viagem foi boa e as pessoas são maravilhosas. Já que estou a gostar mandei o pessoal preparar tudo para a tua vinda amanhã. Estou ansioso pela tua chegada.

Obs: a temperatura é insuportável

Um beijo do teu amor

Então já sabe, tenha cuidado com os e-mails que escreve. Como disse o David Borges, se esta história não for verdadeira é, pelo menos, bem inventada

Momentos

Há momentos inesquecíveis e certamente que este burrinho, natural e residente no Berço da cabo-verdianidade (cancarã da cabo-verdianidade como diria Nedil Rosa) jamais esquecerá este instante da sua vida. Estava-se numa manhã do mês de Abril quando este famoso jumento teve o privilegio de levar um beijinho da Sua Magestade rainha Sofia de Espanha. Este ilustre filho da novel Cidade de Santiago de Cabo Verde bem se pode gabar de ter conseguido algo que muitos por este mundo sonham um dia conseguir.

18 julho 2006

RIBEIRA DA TORRE - o vale, o verde e a (falta de) estrada

Quem chega à Santo Antão e precisa viajar até ao norte da ilha não deixará certamente de contemplar uma das paisagens mais belas de Cabo Verde. Sai do Porto Novo e ao chegar ao cume da montanha, na localidade de Água da Caldeiras, a paisagem fa-lo-á interrogar se se está realmente em Cabo Verde. É que o verde dos pinheiros e cedros, juntamente com a neblina e consequente clima frio, fazem-no acreditar na justeza do nome deste país.
Passados breves minutos, e ainda sem concluir o seu primeiro momento de espanto, o visitante é obrigado a confrontar-se com nova maravilha: dois vales profundos lhe circundam a estrada. À sua esquerda o vale da Ribeira Grande e do lado direito o da Ribeira da Torre. É deste que vou falar agora.
Estando à muitos metros de altitude, o visitante penetra o olhar nas entranhas do vale e já não quer desviar esse olhar. O alcance da vista é impressionte. Quintais de bananeiras, canas de açucar (donde sai boa parte do grogue produzido na ilha), árvores diversas, sobressaindo as famosas árvores de fruta-pão raras em Cabo Verde mas abundantes no vale, são algumas das atracções que o nosso visitante vê e que lhe desperta a vontade de meter-se vale adentro. Mas não se pode falar da Ribeira da Torre sem se aludir ao magestoso Topo de Miranda, um monte que se ergue mesmo no meio do vale e que dá nome à ribeira (foto). Este acaba por consolidar a vontade do visitante que fica ansioso por aventura-se pelas entranhas do vale.
A sua beleza foi contemplada de longe, do alto da estrada. Ao chegar à vila da Ribeira Grande, o viajante vai querer conhecer agora de perto aquele vale que tantas sensações lhe causara ao transpor a estrada Porto Novo- Ribeira Grande.
Já in loco as descobertas sucedem-se, agora ao pormenor. Vai ver água a correr as ribeiras e tanques de águas cristalinas, inhames verdejantes que vão dançando ao sabor da água que lhes toca o caule, gente acolhedora que o convida para deliciar uma banana ou uma manga, enfim...
No final da sua aventura pelo vale, que muitos já classificaram como dos mais belos de Cabo Verde, a satisfação é plena e o orgulho de ser-se cabo-verdiano é, de certeza, reforçado. Apenas uma tristeza ficará – e esta não é por culpa ou falta de vontade da sua gente: a estrada para o vale (ou a falta dela)
De facto as gentes do vale clamam por uma estrada decente, uma rodovia que resista às cheias, porque aquela que há não passa de uma abertura feita pelos caterpilares. Esta é levada ao mar cada vez que corre as cheias. Mas a penúria não reside apenas no facto de esta “estrada” ser anti-chuvas/cheias. Ela é o itinerário de centenas de estudantes que sob o sol ardente demandam diariamente os bancos da escola na vila da Ribeira Grande. São obrigados a suportarem a fumaça deixada pelas viaturas que vão passando e do vento que não tem piedade de ninguém.
Costuma o povo dizer que uma estrada é o principal motor de desenvolvimento de qualquer zona. Ora, se se levar em conta a importância desempenhada pelo vale da Ribeira da Torre na economia de Santo Antão (e não só) visto ser um dos celeiros da ilha, então é facil perceber a ansiedade dos seus filhos em ter uma estrada condigna que lhes possa facilitar a vida à todos os niveis.
Não é facil aceitar que, por época das chuvas, haja produtos a perderem-se porque as cheias levaram a única via de escoamento dos mesmos. Por exemplo, constantes são as ocasiões em que dezenas de cachos de banana ficam amontoados nas margens da ribeira, e não há forma de os tirar dali porque a estrada desapareceu com um simples ribeiro provocado por uma chuvada. Também, frequente é um agricultor ter que pagar a alguns trabalhadores para que, com enxadas e pás, abram um pequeno traçado suficiente para uma viatura chegar até ao ponto onde estão os produtos, impacientes a aguardarem a sua viagem até ao ponto de venda (Porto Novo e São Vicente, principalmente)
Enfim, são várias as dificuldades por que passam os muitos habitantes do vale, causadas pela falta de uma estrada em condições. Tais dificuldades poderão ser debeladas com a construção de uma ESTRADA de penetração que, ao contrário daquela via que temos, resista às cheias e poupe os torreenses de esforços suplementares.
Com esta infraestrutura nós, os filhos do vale, vamos poder ver a nossa ribeira caminhar sob a estrada segura do desenvolvimento. E o nosso visitante já não terá motivos para torcer o nariz. E quererá voltar, sempre.

02 julho 2006

SINTA10

Sabedor, simples, afável e bonita é a tua gente
Agradável clima, sempre fresquinha e temperada
Narcotiza qualquer visitante
Transporta a vida para o Éden
Opulento em belezas naturais
.
Alteroso em manifestações culturais
Nô bé colá Son Jôn, Son Jôn reveltiód
Terra de mil maravilhas, mil esperanças
Aventura-se pela ilha
Onde dirás - Ó que terra sabe nha gente
Djédjim Neves

Nôs MariJoana