31 julho 2007

Top de M'randa

Topo de Miranda (ou Top de M'randa num bom vernáculo) é a designação desta emblemática torre. A elevação, que originou o nome do vale da Ribeira da Torre, inspirou também um grupo de jovens das comunidades de Longueira a Chã de Arroz, que há pouco mais de um ano fundaram uma associação - a Associação "Top d'Miranda" - para encontrar parcerias para intervir em diferentes áreas como educação, cultura, desporto, saúde, habitação social e ambiente... e assim promoverem o desenvolvimento do vale.
Na semana passada ouvi, através da RCV, que a Associação estava a promover uma campanha de limpeza ao longo da ribeira. Boa!

Inspirando numa canção que não sei quem é o autor, digo:
"Ó Top de M'Randa (torre) bo quê mas grandi, bo pidi pa Deus, pa thcuva bem, pa que nos vale fica sempre verde...
Mas também para que os dirigentes deste país olhem mais para aquele que é um dos principais celeiros da ilha, e não só. Nem que for só um estradinha, pa ca pesá na.... (Lura ta completá)
Fotos: 1ª - NATO /2ª - BCN
Nota de rodapé: Na recente visita do grupo parlamentar do PAICV a Santo Antão, Kaká Barbosa e seus pares afirmaram/escreveram que Santo Antão é "Santanháco ilha". Bem, não sei se visitaram Ribeira da Torre, mas se por lá tiverem passado, certamente que terão dito que o vale é ... santanhaquinho!!! Só falta santanhacar a sua estrada de penetração.
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09 julho 2007

Linga de Sintonton

Linga de Sintonton ê um sóbura, flód na moda de nh’ovô, e’m te uvil n’uvid el te zni’m séb” - Quem o diz é o agrupamento musical Cordas do Sol, no seu primeiro CD "Linga de Sintonton".
Mas este
post não pretende falar deste grupo que tanto tem divulgado, através da música, os costumes de SINTA10. Este post é dedicado à sua língua, ou melhor, linga.

De vez em quando dou uma passadinha ao
Dôs Dede de Conversa para ratchá um bocód de Sintonton (na sua forma mais pura). Confesso a minha dificuldade em, de vez em quando, ler sem desembaraço algumas passagens dos textos (logo eu, nicid, criód e feito moço na ilha).
A minha dificuldade não está na falta de conhecimento de determinadas expressões ali empregues mas sim na capacidade de ler com desenvoltura esta ou aquela cadeia de letras que dão forma às palavras (não estamos acostumados com essa escrita)

Durante muito tempo permanceu entre os habitantes da ilha um certo “complexo” que os impedia de ratchá sês linga onde quer que estivessem. Hoje creio que a realidade é bem diferente. Passo numa rua qualquer desta cidade oiço linga de sintonton, vejo alguém a falar para a TV, no Sal, em São Vicente, oiço linga de sintonton, enfim a variante da ilha agora não se confina a 779 km2. Será a globalização? Eu diria glocaboverdianização.
Creio que esta afirmação da linga de Sintonton entre seus pares muito se deve ao teâtro (Juventude em Marcha) e à música (Grupo Porto Grande) que entre os meados dos anos 80 e inícios de 90 tiveram a coragem (?) de a trazer à ribalta (sem complexos)

Abro aqui um parêntesis para falar um pouco desse grupo que era formado por santantonenses a residir em Mindelo, que fez bastante furor nestas ilhas com as suas canções 100% Sintonton e imbuídas de humor. Quem não se lembra por exemplo do Méria czê q bo tem, do "Tchuva de 84" e outras tantas composições a retratarem o quotidiano do Santo Antão profundo? Infelizmente o grupo entrou numa hibernação profunda sem antes ter gravado qualquer disco, que pena! Mais tarde surgiram outros grupos musicais que apostaram na linga de Sintonton: Cordas do Sol, Irmãos Unidos, Mix Cultura… todos já com CDs gravados
(Para fechar o parêntesis prometo futuramente um
post mais detalhado sobre o saudoso grupo Porto Grande)

Voltanto ao Dós Déd de Conversa, é deveras interessante ter um espaço onde apenas se escreve na Linga de SINTA10. Infelizmente, há muito que o Boltchôr Pólina não publica nada por lá (uquiê quê fet de bo, répés???)