Sempre que estou de
ferias na minha ilha não resisto em dar uma passadinha no Corvo, o tal lugarejo
que me encantou e pelo qual me apaixonei desde a primeira vez que visitei o
local, em 2001, levado por uma colega de turma do liceu, que me integrou numa
comitiva de jovens da igreja católica em trabalho social naquela comunidade.
Aquela antiga colega do Liceu Suzete Delgado hoje é minha mulher.
Confesso que sou um
apaixonado por lugares recônditos, onde não vão os carros. Não sei de onde veio
esta paixão meio invulgar, mas certo é que recantos desse tipo me fascinam. É
sempre uma delícia para os meus olhos verem a água cristalina a fluir
barulhenta por entre os inhames, poder ver os patos que fazem dos pequenos
lagos seus mundos, ouvir à noite o barulho dos sapos, e dos grilos, porque
ainda os há no corvo. As gentes do Corvo são muito acolhedoras, gente bonita e
alegre, de fino trato.
Corvo é um retiro....
Estar no corvo é poder ter um reencontro com aquele mundo que recordamos com saudades
e que costumamos dizer que já não existe. Aquele mundo da simplicidades e da
pureza, aquele mundo onde ainda se deita com as portas e janela abertas para se
poder desfrutar da brisa fresca que vem do mar ali bem pertinho. Corvo é
encravado, mas tirando a falta de estrada que acho que ninguém dá por isso, há
energia electrica 24 horas por dia, há telefone... Há muita água, doce e
salgada. De um lado retira-se da terra toda a casta de verdura e do lado de lá,
o peixe para completar a panela sempre ao lume. Corvo é um retiro, corvo é um
encanto. Sempre que lá vou e passo dois ou três dias, sei que no regresso à
azáfam do meu quotidiano conto com a garantia de mais uns aninhos de vida. Mas
não posso deixar de fazer referência ao caminho que nos leva até corvo. De ponta do sol, passando por fontainhas (até posso ir de carro mas a
"manha" de fotografar sempre me faz despensar as 4 rodas); depois de
fontainhas até corvo, obrigatoriamente à pé, é um fascínio indescritível. Amo a
minha ilha, caramba!