30 junho 2009

Viagens na minha ilha

Tenho escrito muito sobre o vale da Ribeira da Torre, aqui no Sinta10. Desta vez, o olhar e a pena são de fora, logo insuspeitos. Eis o texto:

Ribeira da Torre

" Uma das ribeiras mais sinuosas de Santo Antão, a Ribeira da Torre é um convite à descoberta de pequenas plantações de banana, ao longo das encostas e propriedades agrícolas familiares ricas e exuberantes. A estrada, de terra batida, ladeia um grupo de coqueiros que balança ao sabor do vento, como num acto de boas-vindas ao visitante.
Da origem da designação Torre pouco se sabe, mas tudo indica que a imponente torre de pedra que se ergue logo na primeira curva, no lugar de Longueira, não passou despercebida aos primeiros povoadores do local. Longueira é, também, o nome de uma das maiores propriedades agícolas da região. Cana-de-açúcar, banana, mandioca, papaia, bata-doce, são produtos que se podem encontrar aqui, ao lado de árvores de fruta-pão e um dos mais antigos trapiches de aguardente da região.
Atravessada por cursos de água de regadio que desce das encostas, a estrada penetra a ribeira, onde serpenteiam levadas que trazem a água fresca das fontes no alto das rochas e dos reservatórios. Das casas das encostas chegam-nos os acordes dos últimos êxitos dos artistas locais radicados na Holanda; janelas e portas abertas, pátios solarengos convidativos à contemplação e ao lazer. O clima é mais fresco, húmido, porque os raios de Sol apenas aqui e ali se fazem sentir e durante poucas horas do dia.
Ao longo de mais de uma hora de marcha plantações e povoações sucedem-se e a ribeira estreita-se, entre duas vertentes agudas na rocha, para tornar a abrir-se num pequeno e curto vale, antes da próxima e misteriosa curva.
No final do nosso passeio, chegamos a Xô Xô onde se encontra a antiga propriedade da família Rocheteau: a velha casa cor-de-rosa de batentes de portas e janelas azuis, isolada, à sombra da vertente da montanha que se ergue várias dezenas de metros acima. A família há muito que deixou Santo Antão rumo a Portugal. A propriedade pertence agora ao Estado. Mas todos na região se recordam e falam do senhor Rocheteau como se fosse um parente...
Depois de Xo Xo a estrada – agora calcetada – faz uma curva para a direita e inicia uma subida íngreme, torneando a encosta, para ir ao encontro da estrada principal que liga Ribeira Grande a Porto Novo. O caminho é lento e depois de se ter percorrido toda a Ribeira da Torre, é preciso muito fôlego para continuar, mas vale a pena. Grupos de turistas e visitantes costumam combinar o encontro com a carrinha de transporte no final da caminhada. "


Texto: JA (extraído aqui)


Foto: BCN

26 junho 2009

Decadência II


Santo Antão quase já não produz côcos. Aliás, na ilha, praticamente já não há coqueiros. Uma famigerada praga assaltou essa especie e fez cair todas as folhas. Só ficaram os troncos erectos, apontados de forma lasciva para o céu.

kasta de destin ê esse?

18 junho 2009

Decadência

Há algumas semans a OADISA (Organização das Associações para o Desenvolvimento Integrado de Santo Antão) veio à público mostrar-se preocupada com o "estado degradante" em que se encontra a floresta do Planalto Leste, em Santo Antão.

Da última vez que estive na ilha (há coisa de um mês) não pude testemunhar o estado dessa parcela, por causa da nova estrada (pois é, agora todos os caminhos vão dar à Janela, os moradores de Corda ou Lagoa, coitados, já mal conseguem vender um queijinho ou um litro de feijão verde)
Em janeiro último já tinha passado pela floresta e fiquei triste com o estado deprimente daquele pulmão da ilha. Até fiz algumas fotografias mais para alimentar a minha nostalgia do que, propriamente, para deleite.

Na minha infância, cheguei a conhecer na ilha lugares que eram regadios, com hortas bem animadas, e que hoje estão ressequidos. Entretanto, já ouvia os mais velhos dizer que outros locais eram outrora pantanosos, o que me custava acreditar.

Agora penso: o que será que irei dizer aos meus filhos ou netos? Será que terei de explicá-los que no Planalto Leste havia uma densa floresta de pinheiros?

Caso para perguntar: Para onde vamos, hein?

11 junho 2009

Festival Nacional de Violino está de volta

Travadinha é o homenageado
Eleições? A próxima, (in)felizmente só acontece daqui a 2 anos. Por isso, está de regresso à vila da Ponta do Sol, o Festival Nacional de Violino que, no ano passado, não se realizou por causa das eleições autárquicas (má ukiê kum kosa teria a ver k'ot, ein?!!)

Este ano o certame, que deverá acontecer no próximo mês, homenageia o Grande violinista que foi Travadinha, natural de Santo Antão (Janela).

Ai, o grande Antunin Travadinha, de quem muito pouco se fala! Sempre que oiço as melodias deste saudoso filho de Sintadés, fico impressionado com as tchoradinhas de um violino singular.

Como diria Silva Roque, quem nunca ouviu a morna Bulimundo a ser interpretada de forma sublime pelo grande Travadinha?

Nota Biográfica de Travadinha:
António Vicente Lopes, Antoninho Travadinha, foi um músico autodidacta, que nasceu em Santo Antão. Com apenas 9 anos, começou a tocar nos bailes populares, mas só viria a alcançar a fama já nos seus quarenta anos, quando empreendeu uma tournée por Portugal.
Para além do violino, Travadinha tocava também viola (guitarra de 12 cordas), cavaquinho e violão.
Faleceu em 1987, no auge da popularidade.

09 junho 2009

Juventude em Marcha na Net

Já está disponível na Internet o Site do grupo teatral Juventude em Marcha, do Porto Novo. Com muita informação sobre o grupo, a página ainda disponibiliza um importante acervo fotográfico sobre os diferentes momentos de actuação do mais antigo agrupamento teatral de Cabo Verde, em actividade.
Consulte o site aqui

Foto: arquivo do grupo(no site)