18 janeiro 2009

17 de Janeiro - Ribeira Grande né festa

Não, ess e'n nê um boca te gritá dia de liberdéd quês te dzê ma é dia 13 de Jêner.
Ess é um pormenor de uma das esculturas do edifício da Câmara Municipal da Ribeira Grande.
O concelho festejou ontem o seu dia com Ferro Gaita, Vadu, Nhô Kzick, corrida de cavalos, futebol, discursos, TCV (!), feira de produtos agroalimentares...
Bem, nos boca ca tava lá

Foto: mindelinfo.com

11 janeiro 2009

Uma escalada ao Topo de Miranda

Topo de Miranda (ou Tôp d'Mranda no vernáculo) é a emblemática torre que se ergue no meio da Ribeira da Torre. Aliás o nome do vale deve-se precisamente ao monte.O vale é conhecidpelas suas inúmeras maravilhas que vão desde as extensas plantações de bananeira e cana de açúcar, passando pelos seus recantos imponentes como é o caso de Xoxô, que, como um dia comentou Paulino Dias "é, sem dúvida, um dos lugares mais belos deste país (...) pela semi-circularidade das montanhas ao redor, a frescura, a harmonia, a idéia de "fechadura" que se desenha desde à entrada do Canto, passando pela borracha, até chegar no viradouro embaixo dos pés de manga..."
Não obstante tudo isso, é justo dizer que não se pode aludir ao vale sem se fazer referência à sua Imagem de marca - O Topo de Miranda - plantado no meio da ribeira qual Torre Eiffel na Cidade das Luzes.
Pois é, Topo de Miranda está lá de plantão e perscruta o vale de ponta a ponta, como que em defesa da sua gente. Cresci no sopé do monte, sempre sob o seu olhar protector, via-o como uma entidade intocável. Da infância guardo as imagens das biafas e passarinhas a dirigirem-se de imediato ao "gargolin" do monte onde iam devorar os pintainhos que maldosamente conseguiam roubar às galinhas da redondeza. Mas também as lembranças das estórias de seres incontód que diziam habitar as suas supostas grutaas, onde faziam diabo e 4.

As criações fantásticas em torno do Top de Miranda que povoavam o nosso imaginário de menino perderam-se com o tempo e hoje a postura perante a Torre mudou-se de timidez para a ousadia.

Foi então sem os inocentes receios de outrora, que no passado dia 4 de Janeiro um grupo de 13 rapazes da Ribeirinha de Jorge resolveram escalar o monte, assim, do nada. Reunímos e lá fomos nós, de repente. Levamos verduras, uns quantos quilos de cavala, alguns litros de vinho... e num dos seus "ombros" inventamos uma caldeirada. Lela era o cozinheiro de serviço. Na frente da cata da lenha estavam o Gil (neto do Ti Beto, dono de uma tirrinha onde ficamos acampados), o Biôco e o Zazá. Lorenço de ti Lela Ménquin era o tocador de violão, Rui de Dada, meu irmão, animava a malta com as suas pirraças, Djedjê de Mri Sofia, Antão de Silvino, Tóia e Chico distribuíam quel cóc, Cleidi e Nany - os codês - observavam tudo serenamente, enquanto eu era o fotógrafo de serviço.
O tempo estava meio abafado, havia um friozinho que vinha do mar de Puvoçon, mas a malta estava aquecida com bebida, bafa, cantigas, pirraças e gargalhadas.
Lá no fundo do vale víamos a vida a desenrolar-se: de um lado Cabouco de Peringuerina, do outro Ribeirinha de Jorge e, no meio, Lugar de Guene e Cabouco de Cosco. Controlávamos tudo, sentíamos poderosos no alto da imponente torre. Para muitos de nós, a grande maioria, era a primeira vez que subíamos o monte. E as surpresas foram muitas. Fiquei encantado com a pequena nascente que alimenta a hortinha do Ti Beto. E foi dessa hortinha de extraímos batata doce, coentro e couve para completar a nossa caldeirada. E que caldeirada! Devorámos tudo, os cófótches de bananeira, que serviam de pratos, ficaram limpinhos.
Depois da ceia, os cânticos. Do alto do nosso palco, víamos a plateia lá em baixo que certamente estaria intrigada: "Estarão loucos?" - devem ter pensado. Mas não estávamos, estávamos mais era séb pô fronta! Na ressaca das festas de Natal e fim de ano, haveria coisa melhor do que tmá um vento ne cocuruta de cabeça, do alto do Topo de Miranda?
Ali tão perto (e ao mesmo tempo tão longe) foi preciso esperar tanto tempo para se aventurar pela primeira vez monte acima?!! Uma experiência singular. A malta gostou tanto que já pensa voltar ao lugar, num dia desses.






07 janeiro 2009

Bonança ou bobrança?

Na ressaca das chuvas de Outubro e Novembro passados, as meradas, seladas e ladeiras de Santo Antão vão produzindo o que podem. Não se pode dizer que estejamos a reviver os tempos de dçapá bóbra fezê bécia, mas que bobra ti tá dá até n'altura, lá isso ninguém pode negar.
E de repente passa a não ser assim tão bizarra aquela estória do fulano que tinha o braço partido por ter caído, imagine, de um pê de bôbral.

Fotos: BCN