Aqueles que, como eu, nasceram gósterdia, não conhecem o camarão "d'terra". Mas oiço frequentemente os mais velhos, inclusive meu pai, falar deste crustáceo aquático, muito apetecido em todo o mundo. Não que o meu pai e outros habitantes da ilha de Santo Antão estejam a falar de pratos caríssimos em restaurantes ou coisa parecida. Não, ao falarem de camarão referem-se, melancólicos, aos áureos tempos em que nas ribeiras da ilha se apanhava este bichinho aos montes. Os abundantes e permanentes caudais de água doce que outrora corriam por toda a ilha constituíam paraísos para os camarões que se reproduziam à-vontade. Então, a sua presença na ementa do santantonese era constante. Para os apanhar, de entre outras técnicas, colocava-se à tardinha balaios nas pequenas quedas de água para, no dia seguinte, recolherem-nos cheios de camarão, que vinham ao sabor das correntes.
Esta apanha desenfreada fez extinguir da nossa realidade este crutáceo de água doce e salgada, tão caro quanto apetecido. Assim, aqueles que nasceram a partir dos finais da década de 70/inícios de 80 para cá, de camarão conhecem só estórias (como eu).
Esta apanha desenfreada fez extinguir da nossa realidade este crutáceo de água doce e salgada, tão caro quanto apetecido. Assim, aqueles que nasceram a partir dos finais da década de 70/inícios de 80 para cá, de camarão conhecem só estórias (como eu).
Se as autoridades tivessem despertado mais cedo para a necessidade de conservação de espécies em vias de extinção...
Na minha recente passagem pela ilha ouvi dizer que foram encontrados alguns camarões algures na Ribeira de Janela. Houve quem dissesse inclusive que chegavam aos 15 centímetros. Não pude confirmar a veracidade destas notícias. E se for verdade, que fazer com tais criaturas!!!!??? (se é que ficaram vivos)