02 julho 2009

Mar brób

Historicamente o homem destas ilhas sempre travou uma luta com a Natureza, a ponto de ter aprendido "a comer pedras para não perecer". Essa luta assume contornos diferenciados, dependendo, como é óbvio, das características do próprio meio envolvente. Uns trepam íngremes montanhas a procura de um pão, outros desafiam o mar bravio, enfim...
Nas ilhas essencialmente rurais, moda sintadés, o grau de dureza da batalha é determinado grandemente pela vinda ou não da chuva. Se esta vem, os campos estão fartos, ninguém se lembra do governo (ia dizer FAIMO, mas...); o cinto desaperta, os municípios podem "fechar os cordõees à bolsa" ou pelo menos desmérrés menos vezes (claro, se bolsas houver)

Mas a coisa não é exclusiva do meio campestre. Em localidades piscatórias como Cruzinha de Graça, por exemplo, quando o mar está revolto (Janeiro, Feveriro) a população local ta passá um bocód à bróxa uma vez que os pescadores não podem lançar-se, com tanta frequência, ao mar.

Em Lagoa (ah pois, era aqui que eu queria chegar!) quando vem a chuva há fartura: há centenas de cabras a pastarem campo afora, há feijão verde e há também o famoso queijinho em abundância. O produto vende sem problemas, apesar dos nomes que os blasfemadores, sebérbes quando fartos, inventam para os denominar (one póssod de cima, havia muito queijo na ilha e passaram a chamá-los CD)

Em 2008 o ano agrícola não foi famoso por aquelas bandas. Os moradores do Planalto Leste começaram a vender as cabeças do seu gado a preços irrisórios para poderem sobreviver. Tentar sobreviver vendendo a (única) garantia do seu sustento! Ah, pobreza é parv, como diria a malta lá de R'birinha de Jorge!
E este ano? A coisa mudou/vai mudar de figura, e para pior, bem pior!!! Porquê?
A resposta é simples: Estrada Porto Novo - Janela.
Pois bem, com a construção da nova estrada, o fluxo de passageiros mudou de direcção. Agora ninguém anda na antiga estrada de montanha. A população do Planalto Leste não tem como vender seus produtos. Antes bastava levar o balaio de feijão, de maçã, de queijo para a berma da estrada, esperar pela passagem dos viajantes e... tá vendido. E agora? o que irá fazer essa população, tradicionalmente já bastante sofrida? Dizem que alguns têm vindo a descer para a vila da Ribeira Grande, onde tentam vender seus produtos, e não raras vezes regressam à casa à pé.

Não há dúvidas de que a nova estrada Porto Novo - Janela veio trazer outra dinâmica à região Norte da ilha. Mas, também é verdade que foi um grande revés para as comunidades que habitam o Planalto Leste. Mar ta brób lá pa ques banda.

Mar Mónse ne Cais de Porto Novo

Foto: BCN

3 comentários:

Valdevino Bronze disse...

Recurse kej tem góra ê d'zabá pe J'nela!
Val

Benvindo Chantre Neves disse...

Répes, bo é estôvód, hein!
Lá pe Jenela ondê kes te podê demdá ses kébrinha? So ses bé kpá kel tchã de AGuada de JAnela. Ma pralá é mut estôrród.

Valdevino Bronze disse...

hahaha,
Je n dem recurse ógora socá bukinha te vendé Queje de cema e férel!
Enfim, ê qualidéde te bé pus canus!