07 outubro 2009

(In)Sensibilidades


Ao longo da semana passada a RCV difundiu diariamente uma série de reportagens sobre Ribeira Grande de Santo Antão, da autoria do jornalista Carlos Lima. Num dos números, um dos entrevistados foi o presidente da Câmara local, Orlando Delgado. Dentre muitos aspectos abordados, falou da questão do urbanismo, tendo particularmente chamado a minha atenção a forma como se referiu aos "edifícios velhos" das vilas da Ribeira Grande e da Ponta do Sol. Falou em "pardieiros" e na necessidade de se proceder "à demolição" de muitas dessas "casas velhas" para que "as nossas vilas possam ficar mais bonitas".

Do meu ponto de vista, houve alguma ligeireza e falta de sensibilidade na forma como o autarca abordou essa questão. As vilas da Ribeira Grande e da Ponta de Sol são, a meu ver, verdadeiros patrimónios nacionais, desde logo pela sua elevada quantidade de edifícios de inegável valor histórico. Infelizmente muitos já atingiram um alto grau de degradação, e não tem havido medidas de fundo que possam garantir a sua preservação.
Veja as fotos que se seguem:

Edifícios do Terreiro (centro da Vila R. Grande)

Fachada lateral da casa onde nasceu Roberto Duarte Silva (vila R.Grande)

Casa onde funciona o Cartório Notarial e Conservadora dos Registos (Ponta do Sol)

Aspecto de uma casa numa das principais ruas da Ponta do Sol

Edifício ex. residência oficial do Pres. CMRG (Ponta do Sol)

Meio a sério meio a brincar, constumo dizer que essas vilas podem ser consideradas as São Filipe de Santo Antão. Mas carecem de uma atenção especial.
Fotos: BCN

11 comentários:

Amílcar Tavares disse...

De facto, tens razão meu caro. E este abandono, além de ser uma oportunidade turística desperdiçada, chega a ser criminoso.

Anónimo disse...

Mas será que os cabo-verdeanos só em portugal é que labutam na construção civil? Ora...que invistam na vossa terra...têm saudades da terra mas depois não investem por aí nada. Ou será por falta de incentivos? O que é de facto uma pena, porque têm uma terra muito bonita.
Cump

Benvindo Chantre Neves disse...

Amilcar, concordo contigo. É doloroso ver tantos edifícios de grande beleza arquitetónica a caírem de podre

Anónimo, não é bem assim. Acho que Os cabo-verdianos são geralmente um povo batalhador, quer estejam cá, quer estejam lá fora. Realmente pode-se pôr a questão dos incentivos, ou então da falta de capacidade financeira para fazer certos investimentos.

Volte sempre

butcha disse...

Nha primo, um gajo te fca é escandalisod que esse posição se Sr. Presidente de câmara, e te pergunta a mim mesmo manera que um pessoa desse pode estod te liderá um equipa de planeamento de um municipio.
Sinceramente pa.
Há que da valor a aquilo que no tem nesse terra.
aquele abraço forte de sempre.

Benvindo Chantre Neves disse...

Nha primo, uma questão de (in)sensibilidade. Just!

Kel abraço fraternal

Valdevino Bronze disse...

Ah kelé! ...Orlónde já txéme um bokód ebólód!
Kom k então, el krê dezabá tud kel montanha de petrimóniu k já de sí n'né mut k no tem lá pe sinta10?
Enfim, bzôt ke de la de riba bzôt tem k expiá pó txón hein!
Mine dive oportunidéde d'oá ess programa ma...deve ser frustrente uvi um koza de kel la de algem k te representób! dia k bo oéle..Xerriél... hahaha

Braça

Val

Benvindo Chantre Neves disse...

ò Boltxor, Xerriél? Oá mim mim non, mi'n den ess jet. E'm te preferi fká ei te esgrovetá de lés a lés, mém cócient ma plia pode dém n'oi. Se'm tivess més tutóne no osso um podia del um gorrôtx ma deus e'n dém mut. ma se'm otxá quem isdém...hahahaha

kel braça

Valdevino Bronze disse...

Moce,

Era só pem pudia uzá kel pelévrinha k diazá bo n dinha uvid ah... Go bo te bem Xeriiéme?
haha

Kuante a questões Grrotxais...hummm... M'lhor sentá num kób ké min tembé nhe kunstrissôn te prei semelhénte hein!

Braça...sin Grrotxá mut!

Anónimo disse...

Acho que quando se olha para edifícios dizer que são casas velhas ou patrimónios tem muita a ver com a nossa visão que se quer ter da nossa história, mas também tem um pouco a ver com a realidade dos locais. Ou seja em Cabo Verde é um luxo que ainda muitos presidentes de Câmara não podem ter de orçamentarem reabilitação de edifícios históricos quando a esmagadora maioria da sua população vive em condições difíceis.
Portanto vamos valorizar sim o passado mas nada de vir aqui com essa mania de conservar GRANDIOSOS EDIFÍCIOS coloniais quando as pessoas vivem abaixo de cão.

Benvindo Chantre Neves disse...

ya Paulo, interessante esse persperctiva de bossa. Mas será que esse abandono é devido à preocupação com políticas de habitação social? Huuuum, bem gostaria que assim fosse. Mas, mesmo que fosse assim, não justificaria tanta podridão plos nosos centros, diria históricos.

Fcá Dret

Anónimo disse...

Sim por outro lado se chamarmos aqueles edifícios de "casas velhas" é porque a vontade de os dar o devido valor não é muito !