29 julho 2009

koraja sempre, Manuela!


A Cadeia Regional da Ponta do Sol tem, desde a semana passada, o seu próprio director, neste caso uma directora. Manuela Neves Pires foi ontem empossada no cargo e tornou-se na primeira mulher a dirigir uma cadeia em Cabo Verde, conforme a Inforpress.

Dizem que a cadeia é fixe, que os presos que lá estão vivem na deskontra. A jovem Manuela, natural de Janela, certamente que não terá grandes dores de cabeça no exercício da sua função, lá pelas bandas da tranquila Maria Pia. Ahh, e que não deixes faltar nunca kel m'tar d'injú.

27 julho 2009

Visões

1. Visão Global - Na útltima edição (26 jul) do programa Visão Global, da TCV, Corsino Tolentino nas suas notas finais, propôs a realização de uma edição do programa na ilha de Santo Antão. Dizia ele que há muita coisa para falar sobre a ilha, desde logo a começar pela questão da descentralização.

Fiquei feliz! É muito bom ver pessoas do gabarito de CT fazer propostas como estas, desde logo porque a ilha de Santo Antão tem sido bastante esquecida ao longo dos anos (não, não se trata de um clichê, até porque tenho pouco jeito para alimentá-los. Trata-se, antes, de uma constatação)

Por exemplo, desde inícios dos anos 80 que os produtos agrícolas da ilha são embargados por causa dos milpés, sem que ninguém, ao longo de loooooogas duas décadas e meia, se tenha manifestado. Aliás o problema passa mesmo à leste dos círculos in da (alta) sociedade (b)verdiana. Outros há que desconhecem por completo o problema que tem deixado a ilha isolada e abandonada à sua sorte (à seu azar, queria dizer)

Agora, surge a notícia de que dentro de 10 meses, a ilha poderá exportar seus produtos para todas as ilhas, e para o estrangeiro, graças ao Centro de Pós-Colheita, Conservação e Inspecção, a ser construído em Porto Novo. Espero que o projecto venha a se concretizar no prazo estabelecido, quanto mais não seja para que possamos vangloriar de um dia terms conseguido fintar a PDM (nada de confusões! Para não estrapolar, clique aqui)

2 Visão sólgód - Há dias via no Jornal da Noite da TCV, uma reportagem na qual os moradores de Porto Mosquito, localidade do concelho da Ribeira Grande de Santiago, reivindicavam o facto de há já alguns meses não terem acesso aos sinais da TV pública nacional. Voltando as antenas para a outra Ribeira Grande (a de Sintadés), pus-me então a pensar: - coitado dos moradores da Freguesia de Santo Crucifixo, Santo Antão. Os pobres diabos já levam mais de 2 anos a ver (apenas) areia saltitar freneticamente no ecrã das suas TV's, quando, involuntariamente, pressionam o botão onde deveria estar programado o tal canal.

A população da freguesia, por razões óbvias (???) não tem uma câmara para a qual poderia fazer biocos e dirigir choros do género: nu mesti odja notícia, novela... a nos é koitadu, nu ka teni nada fozi, inda nu ta paga... Humms, estou a ver, sim, o rosto de um homem de meia-idade, ar sério, de boné à cabeça, a dizer para um microfone de cone alaranjado: nôs é eskcid, no te fká p'rei ness ku de mund, no'n d'oiá um nutiça, nos têmbê no m'stê oiá Valdmar Pires, novela, e otrôskosa k (e'n) t''intressóns. Afnal no te pagá um taxa de kués 500 melrrês...


Pois, a população local, paga a sua taxa mensalmente e em troca recebe areia nos olhos. Poxa, 2 anos te salgá uns gent oi, convenhamos, é muita méldéde! Um verdadeiro atentado aos Direitos Humanos, pá!

Soube agora que a RTC já prometeu resolver o problema nos próximos tempos. Bem...

24 julho 2009

Juventude em Marcha na Praia

No ranká no bé oiá més um sucesso de plateia desse grupo de Sintadés

15 julho 2009

O vale, o verde e a (falta de) estrada (II)

Há três anos (sim, Sinta10 já tem uns dôs dia), publicava neste espaço um post a reivindicar uma estrada decente para Ribeira da Torre.
Ao que parece, o vale vai ter finalmente uma estrada. Quando ficar pronta, kel pov de nhe R'bera agradece.
Foto: BCN

08 julho 2009

Ele não morreu

Também nós por cá fomos na "f'ninha", triste fninha!, que proclamava a morte de Luis Romano.
O nosso "Vulto da Ilha" não morreu (ês goré'l e'mrrê)

Obrigado, "Boltchôr", pelo telefonema!

03 julho 2009

Aconteceu este fim de semana...

... Festival Nacional de Violino, na Ponta do Sol

Dizem que foi um sucesso.
Acho que sim. Senti ontem um cheirinho na TCV.

02 julho 2009

Mar brób

Historicamente o homem destas ilhas sempre travou uma luta com a Natureza, a ponto de ter aprendido "a comer pedras para não perecer". Essa luta assume contornos diferenciados, dependendo, como é óbvio, das características do próprio meio envolvente. Uns trepam íngremes montanhas a procura de um pão, outros desafiam o mar bravio, enfim...
Nas ilhas essencialmente rurais, moda sintadés, o grau de dureza da batalha é determinado grandemente pela vinda ou não da chuva. Se esta vem, os campos estão fartos, ninguém se lembra do governo (ia dizer FAIMO, mas...); o cinto desaperta, os municípios podem "fechar os cordõees à bolsa" ou pelo menos desmérrés menos vezes (claro, se bolsas houver)

Mas a coisa não é exclusiva do meio campestre. Em localidades piscatórias como Cruzinha de Graça, por exemplo, quando o mar está revolto (Janeiro, Feveriro) a população local ta passá um bocód à bróxa uma vez que os pescadores não podem lançar-se, com tanta frequência, ao mar.

Em Lagoa (ah pois, era aqui que eu queria chegar!) quando vem a chuva há fartura: há centenas de cabras a pastarem campo afora, há feijão verde e há também o famoso queijinho em abundância. O produto vende sem problemas, apesar dos nomes que os blasfemadores, sebérbes quando fartos, inventam para os denominar (one póssod de cima, havia muito queijo na ilha e passaram a chamá-los CD)

Em 2008 o ano agrícola não foi famoso por aquelas bandas. Os moradores do Planalto Leste começaram a vender as cabeças do seu gado a preços irrisórios para poderem sobreviver. Tentar sobreviver vendendo a (única) garantia do seu sustento! Ah, pobreza é parv, como diria a malta lá de R'birinha de Jorge!
E este ano? A coisa mudou/vai mudar de figura, e para pior, bem pior!!! Porquê?
A resposta é simples: Estrada Porto Novo - Janela.
Pois bem, com a construção da nova estrada, o fluxo de passageiros mudou de direcção. Agora ninguém anda na antiga estrada de montanha. A população do Planalto Leste não tem como vender seus produtos. Antes bastava levar o balaio de feijão, de maçã, de queijo para a berma da estrada, esperar pela passagem dos viajantes e... tá vendido. E agora? o que irá fazer essa população, tradicionalmente já bastante sofrida? Dizem que alguns têm vindo a descer para a vila da Ribeira Grande, onde tentam vender seus produtos, e não raras vezes regressam à casa à pé.

Não há dúvidas de que a nova estrada Porto Novo - Janela veio trazer outra dinâmica à região Norte da ilha. Mas, também é verdade que foi um grande revés para as comunidades que habitam o Planalto Leste. Mar ta brób lá pa ques banda.

Mar Mónse ne Cais de Porto Novo

Foto: BCN