12 janeiro 2008

As "alminhas de porra"

São, seguramente, a espécie de ave mais pequena que existe em Cabo Verde. Acarinhado por uns, amaldiçoado por outros, os pardais (alminhas de porra como lhes chamaram os Cordas do sol) sempre fizeram parte da vivência do homem rural cabo-verdiano. Dzusperóds que nem “menino nascido na fraqueza de lua” como dizia Baltasar Lopes em Chiquinho, os pardais formam bandos e ficam a esvoaçar de propriedade em propriedade a cata de alimentos. Frutos, legumes, ervas, larvas, pequenos insectos, flores... tudo lhes serve de petisco.
E é precisamente por causa da sua manhenteza que as vezes são uma autêntica dor de cabeça para os camponeses. Que o diga os agricultores do interior do Porto Novo que, neste momento, conforme o A Semana, estão a travar uma luta contra estas criaturas. É que os pardais estão a dizimar as colheitas de tomate e cenoura, deixando os agricultores de cabelos em pé.
Lembro-me de quando erámos obrigado a levantar bem cedo e ir às meradas guardar os pardais para que não destruíssem as plantações de milho, no momento em que estivessem a despontar do solo os primeiros raminhos. Era uma tarefa muito chata, primeiro porque tínhamos que antecipar o amanhecer, depois porque tínhamos que ser bem ágeis com as nossas fundas para poder acompanhar as constantes inversões de marcha dos bichinhos. Mas isso era apenas uma vez por ano, quando as sementes de milho estivessem a germinar, entre Julho e Agosto. O que acontecia o tempo todo era as assadas de pardais, que montávamos depois de os caçar nas sorças feitas com latas de atum e laçadas de linha de nervo.
Era um prazer dar nos dentes as canelinhas de kitch dos bichinhos e depois exclamar: “bsot ê dzesperod ma nos é que te cme bsot".
Enfim, coisas de menino… da ilha

Pardais te cmê girasol no jardin da minha mãe
Fotos: BCN

5 comentários:

Anónimo disse...

Rapaz, realmente temos quase as mesmas estórias...guarda de pardal, corvo,cmoron deboj de pedra de rbêra, etc.,etc, lembranças boas da nossa meninência.Benvindo eu sou da Povoação, mas sempre gostei de ir à merada apanhar feijão verde, cmida dbitcho,guardá pardal,e quando ia levar o dejejum ao meu pai " Pidrin d'Rosa Flôr" e sês ôme de trobói que ele me deixava regar um pouco, vrá interrnodor, trá manga ou papaia, era um regozijo para mim. Agora o que eu nunca fiz foi sorça na lata de atum,eheheheh, achei muita graça, porque eu caçava com o balaio de tentê ou bandeja como é chamado em Santo Antão e as vezes caçava dois ou três duma só vez. O difícil era conseguir tirà-los de debaixo dela, porque as picavam nos os dedos e ficávamos sem nenhum. Knilinha d'kith, ahahahah, já me tinha esquecido dessa expressão!Ess elminha de porra, como cantou o cordas do sol, também davam cabo das nossas maçãs, com aqueles seus biquinhos tudo o que picavam, como por encanto ficavam mais doces...é mole? A gente até brincava dizendo - vamos comer a boca do pardal!Bons tempos Benvindo, até dá saudades. Vou deixar o resto para uma outra ocasião, abraço Rosa.

vera disse...

Ao ler esta história lembrei-me de uma muito engraçada, quando tinha uns 9 anos talvez. Vou começar pelo principio, claro.
Era uma vez uma rapariga chamada Vera e que adorava pardais, nao para os comer mas para os criar.
Como fazia quase todos os dias, fui a casa de uma vizinha chamada "nha paula" ver os pardais, sim pk na casa dela havia muitos pardais porque ela pilava o milho todos os santos dias para fazer a famosa papa de nhó pola que toda a gente adorava. Ela até dizia que os pardais eram dela. Naquele famoso dia fui la e ela se ofereceu a ajudar-me a caçar um pardal.Com a tal bandeja com um pau por baixo com uma corda, a levantar um bocadinho a bandeja e com milho por baixo. Ficamos escondidas e quando o pardal foi la comer, puxamos a corda! Claro que foi uma tarefa dificil tirá-lo dali, mas la conseguimos. Levei-o pra casa toda contente pk de tanto tentar consegui, com a ajuda de nhó Pola(falecida), apanhar um pardal. Quando cheguei a casa mostrei-o a toda a gente e depois tive a brilhante ideia de o amarrar na varanda. Ficou la sempre a saltar de um lado para o outro. Só que por acaso tinhamos um gato la em casa. Eu Estava mesmo ao pé do pardal quando o gato estava a passar e saltou para cima dele!!!...e comeu-o. Eu chorei chorei e passei uns dias com muito odio daquele nosso gato. E nunca mais consegui ter mais nenhum pardal na minha vida. bijim bava.
resta agora a minha pardalinha. haha

Benvindo Chantre Neves disse...

hahahahaha,
Gora restób so bo pardalinha ma cuidód pa gót ca cmeb el, hehehe


Ma bo'n fezê moda nhe irmon Jair, neh?
Quando nos era mnin Jair tava te cmê sentod no tchon, passá um got el mete'l unha ne prót el penhél se bife. Jair dá corrida trés de quel got cum pedra no mon. Corrê é facil, gora panhá quel got quê tud, heheh

beijinhos Vera

Anónimo disse...

oI PESSOAL, COMO EU JÁ TINHA DITO ANTES, ESTOU ASSOBERBADA DE TRABALHO POR ISSO É DIFICIL PARTICIPAR COMO GOSTARIA DESSAS PEQUENAS ESTÓRIAS E LEMBRANÇAS DA NOSSA INFÂNCIA. MAS SEMPRE QUE POSSO DOU UM ALÔ E GOSTEI SINCERAMENTE DE SABER QUE HÁ MAIS ALGUEM COM AS MESMAS VIVÊNCIAS...COITADO DO PARDALITO VERA, MAS AINDA BEM QUE AINDA TE RESTA ALGUMA COISA,AHAHAHHH!
BIJIM PA BOCÊS,ROSA.

Anónimo disse...

manera Rosa! Ma bo en de imaginá manera kume fca! foi mesmo triste!
Mas pronto!
bijim e pta um oi prei sempre pk bava tem sempre um cosa pe dze!
bjs pe bo bava