25 outubro 2008

A propósito de Santo Antão Património Nacional

Sinta10, como é óbvio, não poderia ficar indiferente a este post. Pode ser que tenha sido realmente um delírio. É que vem de uma Ala que está muito à margem, logo dá para desconfiar. Mas, de todo o modo... vou embarcar também neste "delírio".
Os caboverdianos, por "amor à terra" deveriam procurar conhecer melhor esta parcela do seu território. Conhecer a fundo os seus atractivos naturais, os seus costumes, as suas tradições, enfim... procurar mergulhar um pouco mais no seu quotidiano mais profundo (sem esteriótipos, sem PRÉ-conceitos)

Santo Antão é...
  • riqueza;
  • encanto;
  • um Património Nacional, logo... um DELÍRIO
    Pena que eu seja um suspeito, mas ...
Fotografia: fonte aqui (desfrute!)

22 outubro 2008

Levá ma trêzê

As últimas cheias em Santo Antão não só levaram muita coisa para o mar, como também trouxeram outras para a ribalta. Que o diga a população da vila da Ribeira Grande que está agora a sofrer com os efeitos do cheiro de "derivados de óleos queimados e gasóleo", vindos à superfície depois das enxurradas de 6 e 7 de Outubro.

O facto está a desencadear uma interessante discussão aqui.
De repente, a população se desperta para o problema da poluição ambiental que há anos afecta o concelho. O caso da lixeira em Barbasco é, talvez, o caso mais gritante, com a população de Monte Joana e zonas limítrofes a inalarem o fumo que diariamente sai dessa ligeira rumo ao planalto. Estas cheias podem ter dado o mote para que venham a aparecer soluções para os problemas de poluição no concelho. Sobre a localização da central electrica, há muito que se fala no projecto da central única. Quanto à lixeira...

20 outubro 2008

Sete Sóis Sete Luas

A versão cabo-verdiana do festival Sete Sóis, Sete Luas, que acontece anualmente na Vila da Ribeira Grande, já tem data marcada. 14 e 15 de Novembro são os dias em que Puvoçon vai estar movimentada com artistas cabo-verdianos, portugueses e italianos. Segundo a Inforpress já estão confirmados as presenças do grupo português "Navegantes" e do italiano "Terra Mata". A organização - CMRG - promete melhorias para este ano e já tem programado como uma das actividades paralelas "uma acção de formação destinada aos estudantes que frequentam as escolas do ensino secundário no concelho da Ribeira Grande."
Como as actividades culturais na vila não abundam (aliás são mesmo raras) Sinta10 espera que a população da ilha venha a desfrutar do certame e que os sóis e as luas das sete partidas iluminem a vila durante esses dois dias.

Por falar em escassês de actividades culturais, agora lembrei-me que o Festival Nacional de Violino, que se pretende(ia) institucionalizar no concelho, não se realizou este ano. Ahh, sim... foi por causa da campanha! Em ano elitoral as baterias apontam para uma única direcção, pelo menos por cá. Enfim!!!

Hipótese

O ceu da minha ilha é estreito e tem montanhas. Será por isso que por lá (já) não passam aviões?!!!
Foto: Estritin (BCN)

12 outubro 2008

E tudo Outubro levou

Recebi um e-mail com fotos das últimas chuvas caídas no dia 5 de Outubro em Santo Antão. Não sei quem as fez mas publico-as neste espaço.

Há quem diga que chuva igual em Santo Antão há mais de 30 anos não se via. De uns anos para cá o mês de Outubro tem sido pródigo em matéria de escorroço na ilha. Este ano as comportas abriram com veemência, o presidente da República interrompeu a visita que havia começado pela ilha; as festas de Nossa Senhora do Rosário tiveram que ser adiadas; as barracas já montadas foram-se por água abaixo. Abaixo também foram as obras das duas pontes sobre as ribeiras que circundam a vila, pontes que irão ligar Povoação à Ponta do Sol e Paul.
Muitos, sobretudo aqueles sem estudo nem canudo mas com experiência adquirida na escola da vida, já tinham previsto esta situação. Custaria esperar o dito mês de escorroço passsar para só depois começar as escavações? E lá se foram alguns troquitos (preciosos porque raros por aquelas bandas)


04 outubro 2008

Um património com nome de boi, mas... sem força

Depois da tempestade...
Bem não sei se digo que vem a bonança. Prefiro apenas pensar que a Meteorologia esteja a prever dias menos zióg.
Não estou a falar de furacões, daqueles que nos chegam, felizmente só pela televisão, e vezes sem conta arrasam sobretudo países das Caraíbas e costa dos Estados Unidos. Refiro-me à tempestade de insensilidade que tem afectado o Farol Fontes Pereira de Melo, vulgo Farol de Boi, sito no Nordeste de Santo Antão. Costumo ser um indivíduo um bocado céptico, ou então um espécie de São Tomé que para crer precisa de ver, com os seus (próprios) olhos, naturalmente!
Por isso mantive sem euforias quando, na semana passada, via e ouvia o ministro das Infraestruturas e Transportes, Manuel Inocêncio, a anunciar na TCV que já existe, ou vão conceber (já não me recordo) um projecto para recuperar o já tão definhado Farol de Boi. E para dar corpo ao meu cepticismo fui revolver os meus arquivos e reler um apontamento sobre esse farol, da autoria de Rosendo Pires Ferreira, publicado na antiga revista Ekhos do Paul, ediçao nº 2, segundo trimestre de 1992.
O autor começa por fazer uma breve incursão pela história e escreve que o farol “foi mandado construir por Portaria Régia de 2 de Abril de 1884, para indicar a entrada do canal de Sao Vicente pelo Norte, iniciou a sua actividade a 15 de Maio de 1886, conforme AVISO DOS NAVEGANTES publicado no Boletim Oficial n17, de 17 de Abril desse longinquo ano”.

Note-se que em 1992, altura em que foi produzido o artigo, o farol já completava 106 anos de “ininterrupto funcionamento”, facto, aliás, assinalado pelo articulista.


O artigo prosegue a indicar o papel de “importância transcendente” que o farol “desempenhou na rota dos navios que cruzavam o Atlântico medio e particularmente nas rotas dos Sul e para as Américas”; lança um olhar sobre as características que fazem do Farol de Boi um “bem histórico-patrimonial” para, já na parte final, abordar o futuro dessa magnífica obra.
Ah, pois... é aqui onde eu queria chegar! Segundo Pires Ferreira, em Novembro de 1991, a AMIPAUL, em carta dirigida ao então Ministro da Educação, que também na altura tutelava a pasta da Cultura (...) “chamou a atenção do governo para esse Património Histórico Nacional (...) e solicitou o reconhecimento formal dessa qualidade”. Entretanto, fazia notar o autor, “mais de seis meses depois (...) nenhuma reacção oficial foi tornada pública a esse respeito”
Posteriormente, ao que parece, soube-se que a então Direcção-Geral da Marinha Mercante teria a pretensão de “transformara essas instalações num museu”, ideia que seria prontamente acarinhada pela AMIPAUL conforme faz notar Ferreira ao escrever que aquela Associação declarava “apoiar sem reservas a ideia”, ou então que “ela [a AMIPAUL] se prontificou a dar o seu apoio na busca de fontes de financiamento para a concretização dessa ideia.”
Vejamos: passam hoje 16 anos após este texto ter sido escrito e a situação mentém-se inalterável. Ou seja, nada foi feito para recuperar/preservar essa construção centenária e hoje o monumento está a cair de podre. O máximo que conseguiu foi ver as lentes da sua lanterna desactivadas e substituídas por modernas lentes à energia solar, instaladas ali mesmo nas imediações.
A última vez que lá estive foi em Agosto de 2007 e era triste constatar que já não se pode, com firmeza, subir as escadas metálicas da torre do farol porque há o perigo de haver uma derrocada. Igualmente triste é ver o estado em que se encontra a casa dos faroleiros, edifício contíguo ao farol, outrora com 8 divisões, hoje quase que não tem paredes interiores, nem cobertura.

Por tudo isso, tenho todos os motivos para manter a minha atitude céptica e esperar até o dia em que meus olhos me forçarem a acreditar que alguma coisa foi feita para recuperar o farol (se esse dia vier). Mas... há agora uma réstia de esperança e esta quem ma traz é a estrada Porto Novo / Janela que passa bem pertinho do farol. Aliás, foi na sequência de uma visita às obras dessa estrada que o ministro Manuel Inocêncio falou na intenção de se vir a fazer alguma coisa para recuperar o que ainda pode sobreviver do farol.
E todos sabem que, rentabilizando aquele espaço, pode-se aproveitar aquela fantástica vista que se tem sobre toda a costa Norte de Santo Antão, com o ilhéu dos Bois logo ali no sopé. (logo aqui ao lado, também)

Características gerais do Farol
Nome:
Farol Fontes Pereira de Melo
Localização: Pontinha de Janela, Noerdeste Santo Antão
Início Construção: 1884 (começou a funcionar em 15/05/1886
Torre: 10,7 m
Lanterna: 4,5 m, assente numa base metálica com 3 m de diâmetro
Alcance: 27 milhas

Fonte: FERREIRA, R.P, in Ekhos do Paul, Abril/Mai/Jun, pp 36,37,38

Há dois anos escrevia aqui o meu primeiro post sobre o farol. E se daqui há dois anos tivesse que publicar outro post a dar conta das obras de recuperaçã0?!! Mas prefiro deixar accionado o meu desconfiómetro até meus olhos ordenarem o contrário.

02 outubro 2008

Vultos da Ilha

João Morais

Hoje, 2/10, completa o primeiro centenário do nascimento de João Baptista de Morais, mais um ilustre filho de Santo Antão. Para assinalar a efeméride a Direcção do Hospita Regional da ilha, que ostenta o nome desse grande médico, organiza hoje alguns eventos para relembrar o seu patrono. De entre as actividades destaca-se a apresentação do livro "Memórias de João Morais", por Pires Ferreia.

Mas, quem foi João Morais? Eis alguns dados bibliográficos:

"João Morais nasceu a 2 de Outubro de 1908, no Paul. Fez os estudos secundários no Liceu Infante D. Henrique, no Mindelo, formou-se em medicina na Universidade de Coimbra, em 1936, e fez ainda os cursos de Medicina Tropical em Lisboa (1937), de Medicina Sanitária em Coimbra (1941) e o curso de Malariologia (1955), como bolseiro da OMS, nos Camarões.
Trabalhou nas ilhas de Santo Antão, Santiago, Sal e São Vicente, foi professor de liceu, juiz substituto do tribunal de Sotavento, Vice-presidente da Câmara Municipal da Praia, e na vida associativa foi sócio da Associação Académica de Coimbra, presidente da Comissão Administrativa da Rádio Clube de Cabo Verde e depois do Grémio Recreativo do Mindelo.

JM Faleceu a 26 de Outubro de 1995 na cidade do Mindelo e nesse mesmo mês foi atribuído o seu nome (Dr. João Morais) ao Hospital da Vila da Ribeira Grande, inaugurado poucos dias depois da sua morte."

Fonte: Inforpress