21 setembro 2009

Chuva Braba

Por estes dias quase que não se fala de outra coisa a não ser das fortes chuvas que caíram, sobretudo nas ilhas mais à norte do país (São Nicolau, São Vicente e Santo Antão). Também, pudera... uns dizem que chuva igual nunca tinham visto, outros recuam 30, 40 anos, para poderem encontrar algo parecido. Se calhar nem mesmo a tal Chuva Braba que dissuadira Mané Quim de abandonar as estorricadas terras da Ribeira das Patas rumo à Terra Longe, fora igual.

E por falar nisso, o grupo teatral Juventude em Marcha encerrou ontem, em Mindelo, o Festival de Teatro Mindelact, com a sua mais recente peça, Chuva Braba. Ironicamente, a apresentação acontecia exactamente na ressaca de umas chuvas deveras bravas que vieram tirar o sono às populações e autoridades de alguns municípios do Norte do país.

Há cerca de 2 meses tive oportunidade de assistir, na Cidade da Praia, a apresentação dessa peça teatral, no Auditório Jorge Barbosa. Foram duas sessões, ambas bastante concorridas, como sempre.

Algumas semanas depois, por ocasião da Taça Independência realizada na cidade do Porto Novo, mantive uma breve conversa com Cesar Lélis , enquanto se aguardava por uma entrevista que iria conceder à TCV. Informara-lhe do facto de ter assistido a peça na Praia e ele perguntou-me qual tinha sido a minha impressão. "Gostei imenso! Sem perder o vosso estilo, conseguiram, com muita autenticidade, transpôr para o palco aquilo que Manuel Lopes escrevera. Só que, e isso não tira o mérito do vosso trabalho, estava a espera que dessem mais protagonismo à personagem Nha Joquinha, figura imprescindível de todo o enredo do romance. Na peça acho que passou um tanto ao lado!" - Respondi, ao que ele sorriu, dizendo que outras pessoas já haviam feito o mesmo reparo.

Continuámos a nossa conversa por entre uma e outra pirraça (ou não estivesse a falar com Nha Lolita!) Disse-me que o grupo tem acatado as críticas e estão a pensar rever algumas passagens da peça. Como ja tinha dito, é claro que há muito mérito no trabalho. Aliás, muitos dos que realmente entendem do assunto (não me incluo nesse rol, a minha análise é apenas de um espectador) já disseram que se trata da melhor encenação que o grupo já fez até hoje.

Com toda a popularidade e a fama que tem, Nha Lolita é um exemplo de simplicidade e humildade, um tipo raro. Talvez por aqui se começa a explicação da razão de tanto sucesso do Juventude em Marcha, um grupo que já experimentou o significado das bodas de Prata.

Foto: BCN (Cena de Chuva Braba, Auditório Jorge Barbosa)

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