24 março 2010

Água(r)dente


No início desta semana comemorou-se o Dia Mundial da Água e o lema para este ano girou em torno da "qualidade versus quantidade".
Em Cabo Verde o INGRH aproveitou a efeméride para debater, numa jornada de reflexão, a "Água limpa para um Mundo Saudável". Foi então que se despoletou a questão da qualidade da água que é consumida na Ilha Brava. Às antenas da RCV o presidente de INGRH, António Borges, disse que "a água consumida pela população da ilha da Brava possui mais de 400 por cento(!) de flúor do que recomendado pelas normas internacionais, que estipulam como nível normal 1,5 miligrama por litro. Na ilha das Flores o teor de flúor na água para o consumo humano é de sete miligramas por litro"

Finalmente, o problema parece ter saído do isolamento (uma das palavra mais usadas na Brava) para entrar na ordem do dia.  Agora é o Delegado de Saúde da Ilha das Flores quem veio dizer que "o excesso de flúor na água distribuída na ilha da Brava é uma caso de saúde pública", um problema que, para além da vertente estética relacionada com manchas nos dentes, contribui também para a degradação do esmalte.

É verdade, certamente todos os cabo-verdianos devem saber da existência de uma marca distintiva das gentes da Brava: os dentes amarelecidos e bastante degradados por causa de uma certa água. Mas este problema, de saúde pública, já agora, não afecta somente os bravenses. Em algumas localidades do Norte da Boavista (ver aqui) acontece o mesmo e também em algumas zonas de Santo Antão. Aliás, eis a razão por que trouxe o assunto para este blog. 
Quem visitar, ou conhecer os naturais de Monte Trigo, por exemplo, sabem que quase todos os habitantes têm os dentes amarelecidos e definhados por causa da água da zona. Gente bonita e simpática que acaba por retrair um sorriso que por natureza devia ser fácil e espontânea. 

Muitas são as zonas de Santo Antão onde a água tem componentes como fluor, sódio e outros em alta dose. São os casos, por exemplo, da água do furo de Horta Grande, em Ribeira da Torre ou a nascente de Estritin, em Caibros (foto). Um tema que poderá ser alvo de estudos aprofundados. 

Foto: nascente em Caibros. Por BCN

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